Top 10 Girl: Por que os adesivos “Família Feliz” fazem tanto sucesso?

Por que os adesivos “Família Feliz” fazem tanto sucesso?

Escrever
Foto: Amana Salles / Fotoarena Ampliar
A "família feliz" original: o designer Germano mostra, com a mulher e o filho, o adesivo que detonou a febre
Mesmo sem nunca ter visto o carro parado à frente, dá para saber que a família dona daquele veículo é formada por um casal, três filhos, cachorro e papagaio. Aliás, em muitos semáforos do País é bem provável que não seja apenas um veículo que traga uma história pessoal estampada na lataria. Os adesivos “Família Feliz”, inventados pelo designer Germano Spadini, 31, proprietário da Job Adesivos, tomaram conta das ruas. Mas por que a ideia deu tão certo?

“Acho que houve um apelo sentimental. Para muitos, a família é um motivo de orgulho. É a única explicação que eu vejo”, opina Germano, que diz jamais ter imaginado que o negócio cresceria tanto. “Eu não fiquei rico, muito menos milionário. Não dá para competir com a pirataria, mas devo admitir que vendemos muitos adesivos.”
Demonstração de afeto
A doutora em psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) especialista em família, Ceneide Cerveny, concorda com a ligação sentimental que há entre os ocupantes do carro e os adesivos. Ela acredita que o principal motivo para se aderir à moda é o orgulho de exibir os familiares.

“Pesquisas mostram que o brasileiro valoriza muito pertencer a uma família, a um lar. Esta foi a forma encontrada de se mostrar isso. Outra razão seria a busca por diferenciação que a sociedade demonstra cada vez mais. Muitas pessoas precisam achar uma maneira de ser diferente e personalizar o carro é um caminho.”
Para a psicóloga, psicodramatista e terapeuta familiar Marina Vasconcellos as crianças influenciaram bastante o sucesso do produto. “Os adesivos são bonitinhos e os filhos adoram ver seus pais, irmãos e bichos de estimação. Acaba virando uma grande diversão para a família.”

Outra razão apontada pela psicóloga é a exteriorização do afeto. Muitos desejam mostrar que se importam com a relação. Como casais de namorados com corações entre eles. “É uma combinação de fatores: está moda, é divertido e exibe o carinho pelas pessoas da família de uma forma positiva”, completa.


Exibicionismo
Mas nem todos acham que a moda é tão inocente assim. A psicóloga, psicoterapeuta e coach Mariah Bressani afirma que o sucesso da atitude de estampar uma representação da própria felicidade familiar no automóvel demonstra o nível de exibicionismo dos tempos atuais. Os adesivos seriam uma consequência do movimento já visto nas redes sociais.
“As pessoas colocam o que estão fazendo em suas páginas em tempo real. O carro é mais uma maneira de mostrar para o mundo algo que deveria ser pessoal. A cultura de hoje tem esse excesso de exposição e exibicionismo. É preocupante. Precisamos nos questionar a razão disso tudo.” Ela continua: “O que uma pessoa ganha expondo sua família dessa forma? Vejo muito mais riscos, com relação à segurança das pessoas, do que ganho.”
Foto: Amana Salles/ Fotoarena Ampliar
Germano mostra algumas das opções de seu catálogo
História
O primeiro casal colado na traseira de um carro era formado pelo próprio Germano e a esposa, Susan, em 2005. Ele diz que o modelo não chamou muita atenção. Mas no início de 2009, a família cresceu. E a ideia da “Família Feliz”, como vemos hoje nos carros, surgiu na decoração do quarto do filho de Germano. Ele, que já confeccionava adesivos em geral, e a esposa enfeitaram o local aplicando adesivos decorativos com tema medieval, o que incluía castelos, soldados e um brasão.
Foi então que o casal resolveu “atualizar” o carro: fizeram novos modelos que incluíam o bebê. Depois disso, o que era para ser uma brincadeira, virou febre nacional. No início, amigos viam os adesivos e pediam que Germano fizesse para eles também. “Os primeiros 50 fizemos para amigos e de graça. Depois, até pessoas que não conhecíamos pediam. Foi então que resolvemos colocar no site para vender. Fizemos modelos genéricos, mas personalizamos qualquer pedido”, conta o designer.

Criatividade
Segundo Germano, o melhor período das vendas foi de outubro do ano passado a janeiro deste ano. A empresa chegou a vender mais de 10 mil adesivos da “Família Feliz” por mês. Cada um custa entre R$2,00 e R$5,00. Gradualmente, as vendas diminuíram. Hoje, são comercializados cerca de seis mil por mês. “Como nós personalizamos o produto exatamente como o cliente quer, ainda conseguimos nos diferenciar. Dia desses recebi um pedido de uma mulher que deseja mechas californianas no desenho. Sem problemas!”, afirma.

A previsão do designer é que o mercado ficará saturado para os adesivos genéricos em breve. Ele acredita que a personalização, no entanto, veio para ficar. “Agora o pessoal está começando a soltar a criatividade. Fiz alguns adesivos interessantes como o de uma sogra sem cabeça. Também fiz alguns mais tristes, como o marido falecido e uma menininha que morreu – ambos personalizei com asas”, conta.

Segurança
A discussão em torno da exposição excessiva da família é inevitável. A psicóloga Marina Vasconcellos alerta para o fato de que é preciso pesar se vale a pena expor a composição da sua família. “A vítima fica mais acessível. Colocar uma mãe e filhos, por exemplo, pode indicar que naquele carro não vai ter um homem. Alguns podem achar mais fácil de assaltar. Infelizmente não se pode ter certeza de que as informações não serão utilizadas contra você.”

A paisagista Cristina Campos, 34, tem uma visão diferente. “Eu acredito que se uma pessoa quer saber mais sobre sua vida, não é um adesivo que vai te denunciar. Sinceramente não acredito que os assaltos aconteçam porque você colou adesivos no seu carro”, avalia.

Há um mês Cristina adquiriu a família toda: esposa, marido, filho de seis anos, filha de três e cachorro. O grande diferencial dos adesivos originais para os produtos piratas, em sua opinião, é a personalização. “Eles fazem do jeito que a gente é. Tudo me agradou. Os vasos, que fazem referência a minha profissão, também foram colados no carro. Todos os detalhes me conquistaram definitivamente. Não quero tirá-los tão cedo.”

Fonte: delas

2 comentários:

rafael disse...

as pessoas,não entendem alguns nem familia tem e levam isto ao ridiculo parabéns pra este cara a ideia dele não iria repercurtir tão rápido assim....

Amanda disse...

Acho bacana ficar vendo a diversidade das familias....conheço gente q tira até foto de algumas...hehehe..a fotografa Amanda Salles é minha xará...só q o meu sobrenome é com um "s" só!

Postar um comentário